Um discípulo e seu guru estavam sentados à sombra de uma figueira. O mestre perguntou ao discípulo : – "Que coisa o perturba, meu filho? "- Ainda bem que perguntas, ó mestre. Sinto que é chegado o momento de"eu partir à procura de minha alma gêmea, aquela que haverá de ser minha parceira perfeita, a mais linda mulher do Universo". O mestre disse: – "Assim seja, meu filho, mas lembra-te: quando tua busca terminar, volta aqui com ela". -"Sem dúvida, mestre. Decerto será assim".
Muitos anos depois, o discípulo regressou ao ashram, sozinho e desanimado. Quando se encontraram, o mestre o acolheu calorosamente e perguntou-lhe sobre a sua busca: – "Encontraste aquela que procuravas?" – "Sim, querido mestre, encontrei. Encontrei aquela com quem sonhava. Era, na verdade, uma perfeição de sonho, era a mulher perfeita…" – "Bem, filho, onde está ela?" – Ah, mestre, que tristeza! Ela estava à procura do homem perfeito!"
Às vezes, perdemos a oportunidade de ser feliz por buscarmos a perfeição no outro sem sermos perfeitos. Ainda estamos distante da perfeição, por isso, aqueles que procuram a pessoa amada, não busquem nela a perfeição e sim amor, respeito, sinceridade, fidelidade e caráter. Estas qualidades já estão intrínsecas na alma que já busca seu próprio aperfeiçoamento e que ao lado de quem se ama tem a missão de ambos tornarem-se "perfeitos", sabendo respeitar e compreender as limitações de cada um, porém, crescendo e ajudando o outro a crescer!
Essa história transmite uma mensagem profunda sobre as expectativas irrealistas que muitas vezes nutrimos em nossos relacionamentos. A busca pela perfeição no outro, sem antes reconhecer e trabalhar nossas próprias imperfeições, pode nos levar à frustração e ao desencanto. O discípulo, ao encontrar a mulher perfeita, descobre que, enquanto ele a via como ideal, ela também estava em busca de um ideal inalcançável.
A lição que o mestre oferece é simples, mas poderosa: a perfeição não é um ponto de partida, é uma jornada que percorremos lado a lado com aqueles que amamos. Não devemos procurar alguém que já seja perfeito, mas sim alguém com quem possamos evoluir e crescer. O verdadeiro parceiro não é aquele que corresponde a uma lista de ideais, mas aquele que se compromete a trilhar um caminho de amor, respeito, sinceridade e apoio mútuo. Juntos, ambos podem buscar o aperfeiçoamento, aceitando e aprendendo com as imperfeições, e é nesse processo que reside a verdadeira beleza e profundidade de um relacionamento.
Esse conto nos lembra que o crescimento individual e conjunto é o que realmente importa, e que a perfeição, em seu verdadeiro sentido, é alcançada não pela ausência de falhas, mas pela disposição de caminhar com o outro, mesmo diante das imperfeições.