Vivemos em uma era de grande complexidade e velocidade, mas, acima de tudo, de oportunidades extraordinárias. Tecnologias como a biotecnologia e a inteligência artificial, que antes eram acessíveis apenas a grandes corporações e governos, agora estão se tornando cada vez mais disponíveis devido à digitalização.
Há pouco mais de duas décadas, o objetivo das empresas era desenvolver um produto ou serviço necessário e encontrar uma maneira de produzi-lo com maior qualidade e a um custo menor do que os concorrentes. Esse era um processo desafiador, que exigia a contratação de milhares de funcionários, a aquisição ou locação de grandes espaços físicos e anos de trabalho árduo para lançar o produto no mercado.
Hoje, graças ao avanço das tecnologias digitais, que estão evoluindo e se expandindo em ritmo exponencial, a estrutura organizacional das empresas está mudando dramaticamente. Em vez de milhares de funcionários e grandes instalações, as empresas modernas estão funcionando como pequenas organizações focadas em tecnologias da informação.
As novas empresas estão desmaterializando o que antes era físico e criando novos produtos e fluxos de receita em questão de meses, ou até semanas. Já não é mais necessário ser uma grande corporação para ter um impacto significativo.
A tecnologia está transformando radicalmente os processos industriais tradicionais, abrindo um leque de oportunidades para futuros empreendedores. O potencial para causar disrupção em mercados estabelecidos há muito tempo nunca foi tão grande.
**O ciclo de crescimento das tecnologias digitais**
Uma maneira de impactar positivamente a vida de milhões de pessoas é entender as características das tecnologias exponenciais e assimilar seu ciclo de crescimento. Para ajudar na compreensão desse ciclo, o futurista Peter Diamandis criou o modelo dos 6Ds dos exponenciais, que inclui seis etapas principais: digitalização, decepção, disrupção, desmonetização, desmaterialização e democratização.
Em seu livro *Bold* (2016), Diamandis argumenta que todo empreendedor deveria entender os 6Ds para evitar o mesmo destino trágico da Kodak Eastman Company.
**O erro da Kodak**
Embora a Kodak tenha inventado a câmera digital em 1975 e iniciado uma nova era na fotografia, a empresa falhou em investir pesadamente na nova tecnologia, mantendo seu foco em câmeras e filmes tradicionais. Ao não interromper seus negócios existentes e investir no desconhecido, a Kodak abriu caminho para que outros tomassem a dianteira.
Quem aproveitou a oportunidade foi o Instagram. Em 2012, após anos de declínio, a Kodak entrou em falência, enquanto a fotografia analógica despencava, como mostra o gráfico a seguir:
No mesmo ano, o Facebook adquiriu o Instagram, então uma startup com apenas 13 funcionários, por US$ 1 bilhão, apenas 18 meses após sua fundação.
O destino da Kodak pode se repetir com qualquer empresa hoje em dia. Por isso, na visão de Diamandis, é crucial entender e assimilar a estrutura dos 6Ds.
**O primeiro “D”: Digitalização**
Ao inventar a câmera digital, a Kodak transformou seu negócio de memórias de imagens capturadas em filme para imagens capturadas e armazenadas digitalmente. No entanto, apesar desse movimento ousado, a empresa não percebeu o potencial de crescimento da nova tecnologia e continuou com seu modelo de negócios tradicional. Essa decisão selou seu destino.
Todo empreendedor deve saber que qualquer coisa que possa ser digitalizada pode se espalhar rapidamente e se tornar acessível a qualquer pessoa no mundo para ser replicada e compartilhada. Quando algo é digitalizado, ele ganha um poder exponencial. Por isso, entender o “D” da digitalização é essencial para o sucesso no mercado.
**O segundo “D”: Decepção**
A Kodak não teve a paciência de esperar o crescimento exponencial de sua câmera digital e preferiu manter o negócio de câmeras e filmes tradicionais, que garantiam retorno financeiro imediato. A empresa não entendeu que após a digitalização vem a decepção, um período em que o crescimento exponencial ainda é imperceptível.
Nesse estágio, a duplicação de números pequenos resulta em avanços aparentemente insignificantes, confundindo-se com o progresso lento e linear. No entanto, essas duplicações levam a avanços exponenciais impressionantes, que logo se tornam visíveis e disruptivos.
**O terceiro “D”: Disrupção**
A câmera digital criada na divisão de aparelhos da Kodak, por iniciativa do engenheiro Steven Sasson, era do tamanho de uma torradeira e tinha uma resolução de 0,01 megapixel. Ao ser apresentada aos executivos da Kodak em 1976, a proposta foi descartada, pois consideravam que a tecnologia não tinha futuro comercial e que competir com a nova tecnologia poderia prejudicar os negócios existentes.
Infelizmente, os executivos não perceberam a disrupção que a tecnologia digital estava prestes a causar. Quando a Kodak finalmente se deu conta, era tarde demais para acompanhar a digitalização do setor, tornando-se um exemplo clássico de como uma empresa pode falhar ao ignorar tecnologias exponenciais.
**O quarto “D”: Desmonetização**
Em 1996, a Kodak dominava o mercado com uma grande capitalização e milhares de funcionários. Porém, após o lançamento do iPhone em 2007, a indústria da Kodak começou a desaparecer. O iPhone e outros smartphones que se seguiram tornaram as câmeras digitais acessíveis a todos, sem custo adicional, desmonetizando o mercado de câmeras e filmes da Kodak.
A tecnologia tem o poder de tornar produtos e serviços substancialmente mais baratos ou até gratuitos, o que é conhecido como desmonetização. Todo empreendedor deve compreender que à medida que a tecnologia se torna mais acessível, os fluxos de receita tradicionais podem evaporar.
**O quinto “D”: Desmaterialização**
A Kodak, que antes dominava o mercado de filmes fotográficos, viu seus produtos desaparecerem com o avanço dos smartphones, que incorporavam câmeras digitais. O que antes era um dispositivo físico, como uma câmera, foi desmaterializado e passou a ser um aplicativo em um smartphone. Além das câmeras, dispositivos como GPS, gravadores de voz, relógios digitais e reprodutores de música também foram desmaterializados.
**O sexto “D”: Democratização**
Apesar do custo elevado das fotografias impressas, a digitalização democratizou o acesso a fotos, tornando mais fácil e acessível para todos compartilhar e armazenar imagens digitalmente. A democratização é o resultado final do ciclo exponencial, tornando tecnologias acessíveis a qualquer pessoa ao redor do mundo.
**Lições dos 6Ds das tecnologias exponenciais**
O caso da Kodak ilustra o poder do pensamento exponencial e a importância de compreender o ciclo de vida das tecnologias em crescimento exponencial. O modelo dos 6Ds, proposto por Peter Diamandis, serve como um roteiro para entender o que acontece quando uma nova tecnologia exponencial emerge.
Empreendedores que desejam prosperar no futuro devem estar atentos a quais tecnologias estão avançando através desse ciclo e reconhecer o potencial para disrupção e inovação. O futuro está repleto de oportunidades para aqueles que compreendem e abraçam essas mudanças.
Fonte: Futuro Exponencial